Nunca fui boa com textos literários e poéticos ou emotivos, mas ultimamente eles têm sido a minha verdade.
Voltando da faculdade, por volta de 12h30, estou no trem e me deparo com uma figura muito peculiar. Ele senta-se ao meu lado. Um senhor aparentando ter uns 75 anos, com o semblante cansado, pele morena, Olhos Azuis profundos e perdidos no horizonte. Trajando uma blusa de lã verde musgo, jeans e sapatos, ele lentamente - como quem já não tem mais motivos para correr -, procura algo em sua mochila azul. De dentro do zíper ele tira um papel. Cheia de curiosidade, não pude me conter, li o bilhete que dizia: "Camara Municipal - 03/05 - 13h". e em um súbto movimento, o senhor, olha a hora em seu relógio de pulso. "12h30".
Ele parece pensar se conseguirá cumprir esse horário...
Desembarcando na estação às 12h35, ele e sua bengala metálica, saem em curtos passos do trem. Enquanto escrevo essas últimas palavras, ele continua caimnhando.
Mesmo tendo que chegar às 13h no local marcado no papel, ele caminha tranquilamente, como quem está levando aqueles já cansados, profundos e perdidos no horizonte, olhos azuis, para um longo passeio...
Mariana Chaluppe Ribeiro
03/05/2011 - 12h38
Pode parecer um texto bobo ou até mesmo banal, mas vivemos tão submersos dentro de nossos próprios pensamentos e desejos e anseios, que as vezes, esquecemos que ao nosso redor e em pequenos detalhes, encontramos momentos únicos. E que de vez em quando, observar o que acontece ao nosso redor, é um grande exercício de desapego.
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